Tem algo curioso (e até meio simbólico) acontecendo no Brasil: cada vez mais pessoas estão entrando — sem pudor — nas lojas de produtos eróticos. E não é só “pra dar uma olhada”. Elas estão comprando, experimentando, conversando sobre o assunto, e, o mais surpreendente, recomendando. Parece pequeno? Mas não é. Isso revela muito mais sobre a sociedade brasileira do que pode parecer à primeira vista.
Por décadas, o tema foi tratado como tabu. Falar de sexo em público era constrangedor, e admitir que usava qualquer acessório era quase impensável. Só que agora, aos poucos (e com força), esse cenário vem mudando. E a pergunta que fica é: o que esse novo interesse diz sobre os brasileiros? É só curiosidade? É moda? Ou tem algo mais profundo por trás?
O crescimento do setor de produtos eróticos não é aleatório. Ele acompanha uma série de mudanças culturais, sociais e até econômicas. E sim, há uma nova geração — e também muita gente das gerações anteriores — que passou a enxergar o prazer como parte da saúde, da autoestima, do relacionamento consigo e com os outros. Isso muda tudo.
Neste artigo, vamos explorar o que esse fenômeno revela sobre nós, brasileiros. E como a busca por um sex shop deixou de ser um movimento escondido para se tornar uma forma de expressão, liberdade e, por que não, autoconhecimento.
Desejo e liberdade: o novo comportamento nas cidades brasileiras
Se antes a ideia de entrar em uma loja erótica já fazia muita gente suar frio, hoje a realidade é bem diferente. Em diversas cidades, inclusive as de médio porte, é comum ver vitrines de sex shops chamando atenção — com elegância, bom humor e zero constrangimento. Um exemplo claro dessa transformação é o aumento das buscas por locais como sex shop Goiânia, indicando que o interesse se espalhou por muito além dos grandes centros urbanos.
Essa mudança não acontece por acaso. A cultura do prazer vem sendo tratada de forma mais aberta nos filmes, nas redes sociais, nos podcasts. Influenciadores falam sobre sexualidade com naturalidade, terapeutas abordam o tema com foco em saúde emocional e física, e até casais mais conservadores passaram a explorar esse universo como parte da vida íntima.
Goiânia, por exemplo, mostra que essa “revolução do desejo” chegou de forma democrática. Aliás, o crescimento de lojas físicas e online voltadas para esse público nas regiões Centro-Oeste e Norte do país comprova que não é apenas um fenômeno do eixo Rio-SP. Os brasileiros estão perdendo o medo de falar sobre sexo — e estão cada vez mais interessados em vivê-lo de forma leve e saudável.
É um movimento que envolve liberdade, autoconfiança e, principalmente, a quebra de preconceitos. O prazer está se tornando uma pauta legítima. E a compra de produtos eróticos é uma consequência direta desse novo olhar.
O papel das marcas na construção de uma nova sexualidade
Em meio a tantas transformações, as marcas também estão evoluindo. Hoje, quem entra em uma loja erótica não encontra mais apenas um ambiente escuro, escondido ou com aquele ar de “proibido”. Pelo contrário: muitas marcas estão apostando em design moderno, atendimento acolhedor e uma abordagem muito mais educativa do que provocativa.
Empresas como a Libidi têm um papel importante nesse processo. Elas entendem que vender produtos eróticos não é só empurrar brinquedos ou cosméticos sensuais — é criar um espaço onde as pessoas se sintam à vontade para explorar sua sexualidade com respeito e sem julgamentos.
O tom da comunicação também mudou. O que antes era carregado de estereótipos, hoje aposta em inclusão, leveza e informação. Não é raro ver campanhas voltadas para casais hétero, LGBTQIA+, solteiros, pessoas mais velhas ou com deficiência. Isso amplia o alcance — e reforça a ideia de que prazer é pra todo mundo.
Essa mudança no mercado não só acompanha a evolução dos consumidores, mas também impulsiona a quebra dos últimos tabus. Ao tornar o assunto mais acessível e natural, as marcas colaboram diretamente para que mais pessoas se sintam confortáveis em viver (e celebrar) sua intimidade.
Produtos que empoderam: o fenômeno das lingeries
Um dos itens que mais cresceu em vendas nos últimos anos dentro dos sex shops foi a lingerie. Mas não estamos falando apenas de uma peça sensual para agradar o parceiro. O que muitas mulheres relatam é que comprar e usar uma lingerie bonita virou um ato de autoestima. Uma forma de se olhar no espelho com mais carinho — e prazer.
Essa mudança de perspectiva é gigante. Antigamente, a lingerie era comprada quase sempre com foco no outro. Hoje, ela se tornou um símbolo de autocuidado. Mulheres que se sentem bonitas, desejadas, confiantes. Tudo isso sem depender do olhar externo.
E esse novo consumo tem muito a ver com o feminismo, com a busca por liberdade corporal e com a desconstrução da ideia de que sensualidade é apenas o que o outro enxerga. As lingeries, agora, são parte do cotidiano — inclusive de quem mora sozinho, de quem está solteira, ou mesmo de quem nem pretende “mostrar pra ninguém”.
No fundo, o crescimento das vendas mostra uma mudança mais profunda: as pessoas estão redescobrindo o próprio corpo. E isso é revolucionário. Especialmente num país que, por tanto tempo, ensinou a ter vergonha dele.
O boom dos vibradores e o prazer sem culpa
Se tem um produto que simboliza essa virada cultural, é o vibrador. Não é exagero dizer que ele saiu da gaveta e foi parar na prateleira da farmácia, nos feeds do Instagram e nos stories de influencers que falam sobre saúde íntima com naturalidade. E sim — isso diz muito sobre como os brasileiros estão lidando com o prazer atualmente.
O aumento das buscas e vendas de vibradores mostra que o prazer individual ganhou espaço sem culpa, sem vergonha, sem necessidade de justificativa. As pessoas estão se dando o direito de explorar o próprio corpo. De conhecer o que gostam. E isso, por incrível que pareça, melhora até os relacionamentos.
Especialistas em sexualidade explicam que o autoconhecimento é um fator chave para uma vida íntima mais saudável. Quando a pessoa entende melhor o que dá prazer, ela se comunica melhor, estabelece limites, e entra em relações com mais consciência. Os vibradores viraram, então, aliados da autoestima — e não substitutos de ninguém.
E se engana quem pensa que são só mulheres solteiras comprando. Casais estão usando como complemento, homens estão comprando pra suas parceiras ou pra si mesmos, e o assunto está muito mais aberto do que se imagina. O vibrador deixou de ser tabu e virou acessório de bem-estar.
Sexualidade, saúde mental e o fim dos tabus
Não dá pra falar sobre interesse em sex shops sem tocar num ponto essencial: a relação entre sexualidade e saúde mental. Durante muito tempo, o prazer foi tratado como algo supérfluo, secundário ou até errado. Mas a verdade é que ele está diretamente ligado à qualidade de vida — e cada vez mais profissionais da área reconhecem isso.
Ter uma vida sexual satisfatória ajuda a reduzir o estresse, melhora o humor, reforça a autoestima e pode até prevenir sintomas de ansiedade e depressão. Isso vale pra quem está em um relacionamento e pra quem está sozinho. O importante é se conhecer, se permitir e entender que prazer não é luxo — é necessidade.
O crescimento do consumo de itens eróticos mostra que os brasileiros estão deixando o julgamento de lado e começando a tratar o tema com a importância que merece. A sexualidade está sendo vista como parte do cuidado pessoal, assim como alimentação, sono ou atividade física.
E quando isso acontece, o tabu perde força. Falar sobre sexo vira algo normal, comprar produtos íntimos não causa vergonha e o bem-estar se torna mais completo. O Brasil está mudando — e essa mudança começa, muitas vezes, no quarto (ou na sacola de uma loja erótica).
Do consumo à conversa: o impacto cultural nas próximas gerações
Por fim, vale pensar no futuro. O que essa mudança de comportamento vai gerar nas próximas gerações? A resposta pode ser mais positiva do que parece. Crianças que crescem em lares onde o corpo não é tratado com vergonha, onde o respeito aos limites é ensinado e onde o prazer não é um tabu, tendem a se tornar adultos mais saudáveis emocionalmente.
Isso não significa sexualizar precocemente ou banalizar o sexo. Pelo contrário. Significa tratar o tema com naturalidade, com responsabilidade e com a seriedade que ele merece. Significa criar ambientes mais seguros para falar sobre consentimento, autoestima, prazer e respeito.
O interesse por sex shops hoje é reflexo dessa transformação. Cada vibrador vendido, cada lingerie comprada, cada casal que decide experimentar algo novo… tudo isso contribui para um Brasil mais livre, mais maduro e mais humano. Porque no fim das contas, sexualidade não é um problema a ser escondido — é parte da vida a ser vivida com leveza.
Estamos aprendendo a olhar para nós mesmos com menos medo e mais carinho. E, quem diria, até um produto na prateleira pode ser sinal de que estamos evoluindo enquanto sociedade.