Brasil pode alcançar safra recorde de soja 2025/26: quais riscos climáticos estão por vir?

Por Oraculum

12 de setembro de 2025

Categoria: Economia

O Brasil está prestes a registrar um marco histórico na produção de soja. As estimativas apontam para uma safra recorde de 180 milhões de toneladas em 2025/26, consolidando ainda mais o país como líder global no setor. Esse número, por si só, impressiona, mas também levanta dúvidas: será que as condições climáticas vão colaborar para que esse cenário realmente se concretize?

Nos últimos anos, a agricultura brasileira tem enfrentado uma série de desafios que vão além das pragas e do manejo. O clima, cada vez mais imprevisível, passou a ser um fator decisivo que pode transformar boas projeções em resultados frustrantes. Chuva em excesso, estiagem prolongada ou até variações de temperatura têm mudado o ritmo do campo.

O curioso é que, ao mesmo tempo em que se fala em produtividade recorde, já há sinais de alerta vindos das regiões produtoras. No Centro-Oeste, por exemplo, a chuva que deveria ter começado de forma regular está atrasada, o que pode comprometer tanto o plantio quanto o desenvolvimento inicial da soja. Esse detalhe, aparentemente pequeno, pode impactar todo o calendário agrícola.

E se o Brasil realmente atingir essa meta grandiosa, o que isso significará para os produtores? Teremos ganhos consistentes ou riscos maiores do que os benefícios? O debate não é simples e vai muito além de números e estatísticas. É sobre a relação entre previsões otimistas e a realidade imprevisível do campo.

 

A projeção da safra recorde

A estimativa de 180 milhões de toneladas não surgiu do nada. Ela é fruto de análises sobre expansão de área plantada, avanços tecnológicos e melhorias no manejo agrícola. Muitos produtores já investem em conhecimento técnico, seja por meio de cursos especializados, como o de técnico em agropecuária, seja pela adoção de novas práticas no dia a dia.

Outro fator relevante está na demanda internacional. A soja brasileira continua sendo altamente procurada pela China e outros mercados. Isso gera otimismo, pois, mesmo diante de problemas climáticos, o mercado externo pode manter a rentabilidade dos agricultores.

Mas, mesmo com todo esse otimismo, é preciso lembrar que as projeções dependem de variáveis ainda incertas. Atrasos nas chuvas, pragas resistentes e variações bruscas de temperatura podem colocar em risco esse potencial recorde.

 

O impacto das chuvas atrasadas

No Centro-Oeste, que é o coração da produção de soja no Brasil, a irregularidade das chuvas já preocupa. O atraso no início do período chuvoso pode comprometer o plantio e, por consequência, reduzir a produtividade final das lavouras.

Esse fenômeno, que já ocorreu em anos anteriores, causa efeito em cadeia. O plantio mais tardio pode atrasar a colheita e dificultar a janela ideal para a safrinha de milho, prejudicando também a rotação de culturas.

Além disso, chuvas mal distribuídas ao longo da safra podem favorecer doenças fúngicas ou até mesmo limitar o desenvolvimento das plantas em estágios cruciais. Isso significa que, mesmo que a previsão seja positiva, a realidade pode ser bem mais complexa.

 

El niño, la niña e a instabilidade

Outro ponto a ser considerado é a influência dos fenômenos climáticos globais. O El Niño e a La Niña sempre geram impactos significativos na agricultura, especialmente no Brasil, onde o território é vasto e diverso.

Em alguns anos, o El Niño trouxe excesso de chuvas para o Sul e secas prolongadas para o Norte e Nordeste. Já a La Niña costuma provocar situações inversas. Para os produtores, essa alternância é um verdadeiro jogo de incertezas.

O problema é que, com essas oscilações, mesmo regiões tradicionalmente seguras podem enfrentar adversidades inesperadas. Isso reforça a necessidade de planejamento e de estratégias mais flexíveis.

 

A tecnologia como aliada

Em meio a tantas incertezas, a tecnologia tem se mostrado um ponto de apoio fundamental. Softwares de monitoramento climático, uso de drones e sensores no campo ajudam os produtores a tomar decisões mais assertivas.

Essas ferramentas permitem ajustes em tempo real, seja para corrigir falhas de plantio, seja para planejar a aplicação de defensivos com mais precisão. Não resolve todos os problemas, mas pode minimizar perdas.

A mecanização avançada também contribui. Máquinas cada vez mais eficientes reduzem custos e otimizam processos, especialmente em grandes propriedades que buscam manter margens de lucro mesmo diante das instabilidades climáticas.

 

O papel do mercado internacional

Mesmo com riscos climáticos, o apetite global pela soja brasileira segue elevado. A China, principal compradora, continua ampliando sua demanda, o que dá ao Brasil uma margem de segurança financeira.

No entanto, essa dependência do mercado externo também traz vulnerabilidades. Alterações nas relações comerciais, imposição de tarifas ou substituição por outros fornecedores podem afetar a competitividade.

Portanto, não basta apenas produzir mais. É necessário equilibrar o crescimento da produção com estratégias de comercialização e diversificação de mercados compradores.

 

O desafio da sustentabilidade

Por fim, há um fator que não pode ser ignorado: a pressão por práticas sustentáveis. A produção recorde de soja chama atenção não apenas pelo volume, mas também pelo impacto ambiental que pode gerar.

Questões como desmatamento, uso intensivo de recursos hídricos e aplicação de defensivos agrícolas estão cada vez mais em pauta. Os consumidores internacionais exigem mais responsabilidade socioambiental dos produtores.

Isso significa que o futuro da soja brasileira não depende apenas de chuvas regulares ou de máquinas modernas. Depende também da capacidade de alinhar produtividade e sustentabilidade, um equilíbrio que será cada vez mais cobrado.

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