Por que tanta gente desiste de aprender código?

Por Oraculum

10 de julho de 2025

Categoria: Estilo de vida

Todo mundo já ouviu aquela frase: “programar é o novo inglês”. Parece exagero? Nem tanto. Aprender a codar virou uma habilidade desejada — quase obrigatória — em várias áreas, e a promessa é sempre tentadora: bons salários, trabalho remoto, liberdade geográfica… Mas então por que tanta gente começa e desiste no meio do caminho?

A frustração é real. Basta entrar em fóruns ou grupos online para ver a quantidade de relatos parecidos: “achei que ia ser mais fácil”, “não entendi nada dessa parte”, “fiz mil cursos, mas na hora de aplicar, travei”. Isso é mais comum do que parece, e não, o problema quase nunca é a inteligência da pessoa. Muitas vezes é o método. Ou a falta dele.

Tem também a parte invisível: expectativa. Muita gente começa achando que vai aprender tudo em três meses, virar sênior em seis, e trabalhar na gringa em um ano. E claro, quando essa expectativa entra em choque com a realidade (spoiler: ela vai entrar), o baque é forte. A sensação de estagnação se instala — e aí, o abandono parece inevitável.

Mas antes de culpar a si mesmo por não “ter nascido pra isso”, vale a pena entender o que realmente está por trás dessa taxa tão alta de desistência. Vamos olhar de perto os pontos onde a maioria tropeça. E, principalmente, como passar por eles sem cair no limbo do “larguei mais um curso”.

 

Começar é fácil, mas aplicar o que se aprende é outra história

Assistir aulas, entender a lógica, resolver exercícios simples — no começo, tudo flui. A motivação está alta, o conteúdo parece amigável, e a sensação de progresso é quase diária. O problema começa quando o nível sobe um pouquinho. Quando aparecem os tais desafios práticos de programação, a coisa muda. De repente, a pessoa que estava indo bem se vê completamente perdida. E aí bate a dúvida: “como assim, eu não sei mais programar?”

Isso acontece porque entender o conceito é uma coisa. Saber aplicar, outra totalmente diferente. A distância entre o “entendi” e o “consigo fazer sozinho” é maior do que se imagina. E pouca gente fala sobre isso. Aliás, muitos cursos nem se preocupam com essa transição. Entregam teoria, teoria e mais teoria — e quando chega a hora de montar algo do zero, o aluno trava.

Um bom termômetro: se você consegue escrever um código sem seguir passo a passo, ótimo. Se não consegue, tudo bem também. Mas é aí que precisa focar: prática. Projetos reais, resolução de problemas, erros e mais erros. É isso que transforma o aprendizado em habilidade de verdade. Não adianta decorar — é preciso fazer. E fazer de novo. E de novo.

O segredo? Diminuir o peso da cobrança. Permitir-se errar. Repetir. Ficar frustrado, respirar e continuar. Parece pouco, mas isso já coloca você na frente de muita gente que desistiu no primeiro tropeço técnico.

 

Falta de apoio e de ambiente comunitário

Aprender algo novo sozinho é um baita desafio. E quando se trata de programação — cheia de termos técnicos, erros misteriosos e horas quebrando a cabeça — isso se intensifica. A falta de uma rede de apoio pode fazer com que dúvidas simples virem muralhas intransponíveis. A boa notícia? Você não precisa passar por isso sozinho.

Hoje existem grupos, fóruns, canais, lives e até comunidades específicas para estudantes que estão começando. Um exemplo que cresce bastante é a comunidade de programadores no Discord. Por lá, dá pra tirar dúvidas, compartilhar projetos, desabafar sobre bugs e até arrumar parceiro de estudos. É outro nível de aprendizado quando você se cerca de pessoas no mesmo barco.

E aqui vai um ponto importante: interagir com a comunidade não é perda de tempo — é parte do processo. Ver a dúvida de outra pessoa pode desbloquear a sua. Explicar algo que você entendeu ajuda a fixar. Participar de desafios em grupo estimula a criatividade. Em resumo, aprender junto potencializa o seu crescimento individual.

Se você ainda não se conectou com nenhuma comunidade, vale experimentar. Nem que seja pra observar no começo. O simples fato de ver que outras pessoas estão passando pelos mesmos altos e baixos já dá um conforto. E, quem sabe, aquela motivação extra pra seguir em frente.

 

O excesso de recursos pode atrapalhar mais do que ajudar

Você já parou pra pensar na quantidade absurda de material sobre programação que existe na internet? É tutorial no YouTube, bootcamp gratuito, apostila, fórum, artigo, newsletter, curso, canal de TikTok, PDF aleatório no Telegram… Dá até ansiedade só de pensar. E aí vem o paradoxo: com tanto conteúdo disponível, como é que a gente se sente tão perdido?

O problema é justamente esse: o excesso. Você começa um curso, vê um vídeo complementar, abre outro site, baixa um PDF… Quando percebe, está consumindo informação sem parar, mas não progride. É o famoso “tutorial hell”. E a sensação de improdutividade começa a minar a confiança. Sabe aquele pensamento “eu já vi isso tudo e mesmo assim não sei fazer nada”? Pois é.

É por isso que escolher um caminho e segui-lo faz tanta diferença. Um curso programação online bem estruturado, com começo, meio e fim, pode fazer milagres pela sua sanidade. Ele reduz distrações e ajuda a criar consistência. E consistência, nesse contexto, é muito mais importante que intensidade.

A dica aqui é clara: fuja da tentação de abraçar tudo ao mesmo tempo. Foque em um recurso por vez. Confie no processo. Você não precisa dominar tudo agora — e, aliás, ninguém domina. Aprender código é uma jornada de longo prazo, não um sprint de 30 dias.

 

A comparação constante com quem está mais à frente

Talvez um dos fatores mais desanimadores (e pouco discutidos) seja a comparação. Você entra num grupo de estudos, vê alguém montando um projeto incrível, e pensa: “eu nunca vou chegar nesse nível”. Esse tipo de pensamento, por mais comum que seja, é traiçoeiro. E injusto. Porque ninguém mostra o caminho completo — só o resultado final.

A verdade é que todo mundo teve um “dia um”. Ninguém nasceu sabendo fazer API REST, nem front-end bonito. Mas as redes sociais e as plataformas de estudo acabam mostrando só o topo da montanha. A parte em que a pessoa já domina o assunto. E aí você, que está ainda escalando, acha que está errado. Que está muito devagar. Que está atrasado. Spoiler: não está.

Ter um plano de estudos consistente ajuda a afastar esse tipo de pensamento. Um curso para se tornar desenvolvedor com objetivos claros e etapas bem definidas traz foco. Você para de olhar pro lado e começa a olhar pra frente. E, quando percebe, já avançou mais do que imaginava.

Além disso, vale humanizar quem você admira. Pergunte como foi o início dessa pessoa. Quais as dificuldades que ela enfrentou. Você vai se surpreender com a quantidade de histórias parecidas com a sua. Porque o caminho é difícil — pra todo mundo.

 

Falta de contato com material prático e didático de qualidade

Outro obstáculo silencioso: a escassez de bons materiais introdutórios. Ou melhor, a dificuldade em identificar quais são bons. Muitos conteúdos se perdem na linguagem técnica, outros pulam etapas importantes, e tem aqueles que simplesmente não dialogam com iniciantes. O resultado? Gente travada na base, sem entender direito os fundamentos.

Um bom começo faz diferença. Um material que explica o “porquê” das coisas, e não só o “como”. Que mostra exemplos aplicados, mas também traduz conceitos com clareza. Um eBook de programação JavaScript, por exemplo, pode ser uma boa porta de entrada se estiver bem estruturado. Principalmente se combinar teoria com desafios guiados — o famoso “mão na massa”.

Vale também explorar diferentes formatos. Às vezes, você não aprende bem com vídeo, mas se dá bem com leitura. Ou precisa escrever à mão pra fixar. Testar diferentes abordagens ajuda a encontrar seu próprio jeito de aprender. E isso é libertador.

Seja como for, a regra é uma só: se o material não está te ajudando a avançar, troque. Não insista em algo só porque “todo mundo usa”. Cada pessoa aprende de um jeito. E reconhecer isso é uma das chaves pra não desistir no meio do caminho.

 

Ansiedade por resultados rápidos e o medo do fracasso

Vamos ser sinceros? Um dos maiores vilões é a pressa. A vontade de chegar logo, de dominar tudo ontem, de já estar trabalhando na área semana que vem. Essa ansiedade cria uma pressão desnecessária — e muitas vezes paralisa. Quando o resultado não vem na velocidade esperada, vem a frustração. E com ela, a ideia de que talvez isso não seja pra você.

A questão aqui é mais emocional do que técnica. Não adianta ser bom em lógica se a mente está sobrecarregada. Programar exige foco, paciência e resiliência. E isso se constrói com tempo. É como aprender a tocar um instrumento ou falar um novo idioma. Tem dias bons e dias ruins. Avanços e recaídas. Tudo faz parte do processo.

Também é importante redefinir o que é “fracasso”. Errar um código? Normal. Não entender um conceito? Acontece. Precisar repetir um exercício dez vezes? Tá tudo certo. O fracasso real seria desistir de tentar. O resto é parte do caminho. Quanto mais você aceita isso, mais leve o aprendizado fica.

No fim das contas, aprender a programar é também aprender sobre si mesmo. Sobre persistência, sobre lidar com o incômodo, sobre buscar soluções. Quem entende isso, transforma cada obstáculo em aprendizado. E segue em frente — mesmo quando a vontade de desistir bate forte.

Leia também:

Nosso site usa cookies para melhorar sua navegação.
Política de Privacidade