O que os chatbots no WhatsApp ainda não conseguem fazer?

Por Oraculum

4 de setembro de 2025

Categoria: Economia

É inegável: os chatbots revolucionaram a forma como empresas se comunicam com seus clientes no WhatsApp. Eles agilizam o atendimento, respondem dúvidas fora do horário comercial e até conduzem vendas do início ao fim. Mas, apesar de tudo isso, ainda há um lado pouco comentado — as limitações. Sim, eles ainda têm suas falhas. E entender essas brechas pode ser tão importante quanto conhecer seus pontos fortes.

Em muitas situações, o bot parece que “desliga o cérebro”. Ele responde fora de contexto, ignora perguntas simples ou repete as mesmas mensagens como um disco arranhado. É frustrante, especialmente quando o usuário só quer resolver algo rápido. E não estamos falando de casos raros, não. Isso acontece com frequência em setores como saúde, logística e serviços financeiros.

Claro, a tecnologia vem avançando. Os bots de hoje estão muito mais inteligentes do que os de cinco anos atrás. Mas ainda estão longe de substituir completamente a sensibilidade e o raciocínio humano em certas situações. Principalmente quando a conversa exige interpretação subjetiva, contexto emocional ou múltiplas intenções numa única mensagem.

Neste artigo, vamos explorar exatamente isso: onde os bots ainda patinam. E mais, vamos entender por que essas falhas acontecem e como você pode contornar ou mitigar esses gargalos ao usar um chatbot para Whatsapp. Spoiler: às vezes, o segredo está na estratégia, não só na tecnologia.

 

Interpretar múltiplas intenções em uma mesma mensagem

Essa é uma das maiores dores. Quando o usuário envia uma mensagem como “Oi, queria saber o horário de atendimento e também se vocês parcelam no cartão”, o bot geralmente se perde. Por quê? Porque ele tende a processar uma intenção por vez. E quando surgem duas (ou mais) numa mesma frase, o entendimento pode falhar — ou a resposta chega incompleta.

O mais curioso é que isso não acontece só com bots simples. Mesmo os mais sofisticados ainda enfrentam esse tipo de desafio. É uma limitação estrutural da forma como o NLP (Processamento de Linguagem Natural) foi treinado, muitas vezes com bases de dados segmentadas demais. Ou seja, ele sabe responder bem perguntas separadas, mas tropeça quando elas vêm juntas.

Em um atendimento humanizado, um atendente já saberia separar e responder os dois pontos sem dificuldade. Mas o bot? Nem sempre. Para reduzir esse tipo de problema, é possível configurar o fluxo para reconhecer algumas combinações comuns de perguntas — mas ainda assim, há um limite prático para isso.

 

Tomar decisões com base em contexto emocional

Outra limitação está na sensibilidade. Um agente de IA pode até entender palavras-chave como “reclamação”, “cancelar” ou “não gostei”. Mas dificilmente vai captar nuances de tom, ironia ou frustração que escapam da linguagem literal. Se alguém diz: “Achei que o atendimento seria melhor”, o bot talvez responda com um “Ok, posso te ajudar com mais alguma coisa?”. Totalmente fora de clima.

Essa incapacidade de lidar com sentimentos mais sutis pode impactar a experiência do usuário de forma negativa. O cliente quer ser ouvido, acolhido — e não tratado como mais um número no fluxo. E embora existam avanços em análise de sentimento, essa tecnologia ainda não está 100% integrada aos sistemas mais comuns de WhatsApp.

O ideal, nesse tipo de situação, é programar o bot para encaminhar rapidamente o usuário para um atendente humano ao menor sinal de insatisfação. Isso não só evita desgaste como mostra empatia, mesmo que a primeira resposta tenha sido automática. A junção entre bot e humano ainda é a fórmula mais segura em casos de tensão emocional.

 

Lidar com mudanças abruptas de assunto

Você já testou um chatbot para Whatsapp com IA e tentou mudar de assunto no meio do atendimento? A chance de ele travar ou responder algo aleatório é alta. Isso acontece porque muitos bots funcionam dentro de “caixinhas” lógicas. Eles esperam que o usuário siga um fluxo linear: primeiro isso, depois aquilo, e assim por diante.

Só que pessoas reais não funcionam assim. Elas mudam de ideia, lembram de outro assunto, voltam para um tema anterior… e esperam que o sistema acompanhe essa linha não-linear de raciocínio. Mas muitos bots ainda não conseguem fazer esse tipo de navegação flexível com precisão.

Algumas plataformas já tentam corrigir isso com fluxos adaptativos e memórias contextuais temporárias. Mas mesmo assim, há um limite prático. O ideal é sempre manter os fluxos o mais simples possível e prever “atalhos” ou opções de reinício de conversa. Isso dá mais liberdade ao usuário sem deixar o bot completamente perdido.

 

Gerar empatia e improviso em conversas informais

Por mais avançada que seja a IA, ainda falta algo que só o ser humano tem: empatia improvisada. O bot pode até tentar usar emojis, mandar um “Que bom falar com você!” ou usar linguagem informal, mas tudo isso é script. Se o usuário faz uma brincadeira fora do padrão, ou escreve algo irônico, o bot não sabe reagir com naturalidade.

Na tentativa de parecer próximo, muitos bots acabam forçando uma simpatia robótica — que soa falsa. E isso pode afastar em vez de aproximar. A conversa parece forçada, ensaiada, artificial. O usuário sente que está falando com um algoritmo (e não gosta disso).

A saída, nesse caso, é usar a informalidade com parcimônia e sempre deixar claro que se trata de um atendimento automatizado. Ser transparente gera mais confiança do que fingir uma humanização que não existe. E, claro, sempre oferecer uma opção rápida de transferência para atendente real.

 

Executar tarefas complexas em sistemas externos

Muitos bots se vendem como multitarefas, mas na prática esbarram em limitações técnicas. Por exemplo: o cliente quer alterar um endereço de entrega, atualizar um dado fiscal ou consultar um histórico antigo de pedidos. Se o bot não estiver integrado com sistemas como ERP, CRM ou banco de dados real-time, ele simplesmente… não consegue fazer nada.

Esse tipo de limitação ocorre porque a integração com sistemas externos ainda exige customizações técnicas específicas — e nem toda empresa tem esse recurso disponível. Ou seja, o bot pode até “prometer” resolver algo, mas se a API não estiver funcionando corretamente, a conversa trava.

Nesse ponto, a eficiência do chatbot depende 100% da infraestrutura da empresa. Ter um bot inteligente não resolve se o resto da operação estiver desconectado. A boa notícia? Com planejamento e integração bem feita, essas funções podem ser ampliadas. Mas exige investimento técnico — e nem sempre é simples.

 

Reconhecer erros de digitação ou abreviações incomuns

Esse é um detalhe que muita gente subestima. Mas erros de digitação, abreviações locais ou variações linguísticas ainda confundem bastante os bots. Uma simples palavra trocada — “recemta” em vez de “recente” — pode fazer o bot travar ou responder “Não entendi”. E isso é mais comum do que se imagina.

Como o WhatsApp é um canal informal, o usuário digita rápido, usa gírias, encurta palavras. E se o bot não estiver treinado para lidar com essas variantes, a experiência se torna frustrante. Principalmente para públicos com menor familiaridade digital.

A solução passa por treinamento contínuo da base de linguagem do bot, além do uso de IA generativa com aprendizado progressivo. Mas, ainda assim, esse tipo de refinamento é algo que muitas plataformas ainda não dominam por completo — especialmente no atendimento massivo.

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