Qual a história por trás do Jogo do Bicho?

Por Oraculum

25 de setembro de 2024

O Jogo do Bicho é uma prática de apostas popular no Brasil, apesar de ser ilegal em grande parte do país. Surgiu como uma forma de entretenimento no final do século XIX e rapidamente se enraizou na cultura popular. O jogo, que associa números a diferentes animais, envolve sorteios diários e é realizado de maneira clandestina.

Mesmo com sua proibição, o Jogo do Bicho permanece amplamente praticado, especialmente em regiões urbanas. A simplicidade e a acessibilidade das apostas fazem com que ele continue atraindo milhões de brasileiros diariamente. Além disso, seu funcionamento discreto dificulta a fiscalização pelas autoridades.

Este artigo explora a história e a evolução do Jogo do Bicho no Brasil, destacando suas origens, popularidade, influência cultural e seu impacto na sociedade brasileira.

 

Origem do Jogo do Bicho

O Jogo do Bicho foi criado em 1892, no Rio de Janeiro, por João Batista Viana Drummond, um empresário que administrava o zoológico da cidade. Para atrair mais visitantes, ele implementou um sistema de sorteio que envolvia animais do zoológico. Os ingressos de entrada incluíam a imagem de um animal, e no final do dia, um sorteio decidia qual bicho seria o vencedor. Quem tivesse o bilhete correspondente ao animal sorteado, recebia um prêmio em dinheiro.

Com o passar do tempo, essa prática evoluiu para um sistema de apostas que associava animais a números. Assim, o jogo se desvinculou do zoológico e se espalhou pela cidade, ganhando popularidade entre diversas classes sociais. O sucesso da ideia fez com que o Jogo do Bicho se tornasse uma espécie de loteria informal, o que despertou a atenção das autoridades, levando à sua proibição poucos anos depois de seu surgimento.

O jogo do bicho rapidamente se tornou uma tradição, especialmente no Rio de Janeiro, onde até hoje é amplamente praticado, sendo passado de geração em geração.

 

Popularidade e expansão

Após sua criação, o Jogo do Bicho se espalhou rapidamente pelas ruas do Rio de Janeiro e de outras grandes cidades brasileiras. Nos primeiros anos, ele foi visto como uma forma simples e acessível de aposta para o público em geral, especialmente em um período onde as opções de loterias e jogos de azar oficiais eram escassas. Pequenos comerciantes começaram a organizar o jogo em seus estabelecimentos, fazendo com que ele se tornasse uma parte constante da vida urbana.

Com o passar do tempo, o Jogo do Bicho não apenas se manteve popular, como também começou a influenciar a cultura local. Ele foi inserido no imaginário popular, mencionado em músicas, filmes e livros. A simplicidade das regras e o fácil acesso às apostas o tornaram muito atraente para a população, que começou a ver o jogo como uma alternativa às loterias oficiais, já que o apostador não precisava esperar o resultado da loteria para saber se havia ganhado.

Atualmente, mesmo com a presença de loterias regulamentadas e casinos online, o Jogo do Bicho continua sendo uma das práticas de aposta mais tradicionais no Brasil, especialmente em áreas onde as opções oficiais não têm tanta penetração.

 

Proibição e ilegalidade

A proibição do Jogo do Bicho aconteceu logo após sua popularização. Em 1946, o governo brasileiro decretou a ilegalidade das apostas relacionadas ao jogo, o que, no entanto, não impediu sua continuidade. Com a proibição, o jogo passou a operar de forma clandestina, mas continuou se expandindo, com os “banqueiros” locais assumindo o controle das operações e gerenciando os sorteios e apostas.

Mesmo ilegal, o Jogo do Bicho se manteve devido à sua organização descentralizada e à aceitação popular. As autoridades enfrentaram dificuldades para coibir a prática, principalmente porque as operações eram muitas vezes realizadas de maneira discreta, sem uma estrutura física que pudesse ser facilmente identificada.

Além disso, o jogo também criou redes informais de confiança entre os apostadores e os operadores. Essas características fizeram com que, mesmo com as tentativas de repressão, o Jogo do Bicho sobrevivesse e permanecesse ativo em diversas regiões do Brasil, mantendo-se resiliente ao longo das décadas.

 

text

 

Influência cultural

A influência do Jogo do Bicho na cultura brasileira vai além das apostas. Ele se tornou uma referência comum no dia a dia, sendo incorporado em expressões populares e na mídia. Muitas músicas e novelas brasileiras fazem menções ao jogo, reforçando seu papel no imaginário nacional. Artistas como Bezerra da Silva e Chico Buarque, por exemplo, mencionaram o Jogo do Bicho em suas canções, retratando-o como parte da vida nas grandes cidades.

O jogo também serviu como inspiração para diversas manifestações culturais, sendo representado em peças de teatro, literatura e cinema. A prática de associar animais a números se tornou algo familiar para a população, independentemente de a pessoa ser ou não um apostador. Esse vínculo cultural ajudou a manter a relevância do Jogo do Bicho ao longo dos anos.

Essa relevância cultural tem ajudado a reforçar a ideia de que o Jogo do Bicho faz parte da identidade brasileira, sendo considerado por muitos como uma “instituição” do país, mesmo com sua ilegalidade.

 

Impacto social e econômico

Apesar de ser ilegal, o Jogo do Bicho gera um impacto econômico considerável em algumas regiões do Brasil. Em muitas áreas, ele se tornou uma fonte de renda para milhares de pessoas, desde os “banqueiros” que organizam as apostas até os vendedores que operam as apostas nas ruas. Esse sistema informal criou uma rede econômica paralela que movimenta quantias significativas de dinheiro.

Além disso, o jogo também influencia a dinâmica social em diversas comunidades. Por ser amplamente aceito e praticado, ele cria um senso de pertencimento entre os jogadores, que compartilham esperanças e expectativas em relação aos sorteios. Embora a maioria das apostas seja feita de forma descontraída, há também um lado mais complexo, envolvendo questões como a corrupção e a criminalidade associada à proteção dos banqueiros.

O Jogo do Bicho, portanto, não apenas reflete uma prática cultural, mas também representa uma realidade econômica e social que se entrelaça com o cotidiano de milhões de brasileiros, especialmente em comunidades mais carentes.

 

Conclusão

A história do Jogo do Bicho revela sua origem peculiar e sua evolução até se tornar um elemento central da cultura de apostas no Brasil. Apesar de ter surgido como uma estratégia de marketing em um zoológico, ele rapidamente ganhou uma vida própria e se espalhou pelas principais cidades brasileiras.

Mesmo ilegal, o Jogo do Bicho se manteve por décadas como uma forma popular de entretenimento e de aposta, mostrando sua capacidade de se adaptar a diferentes contextos sociais e econômicos. Sua influência cultural também contribuiu para que ele se tornasse parte do imaginário brasileiro, sendo constantemente referenciado em músicas, filmes e na linguagem popular.

Embora proibido, o Jogo do Bicho continua a prosperar de maneira clandestina, refletindo tanto a resistência das tradições populares quanto as dificuldades enfrentadas pelas autoridades para coibir práticas amplamente aceitas pela sociedade.

Leia também:

Nosso site usa cookies para melhorar sua navegação.
Política de Privacidade